O Papel da Argumentação Jurídica para Compreender a Relação Entre IA e Direito

Autores

Palavras-chave:

Direito, Inteligência Artificial, Teoria da Argumentação Jurídica, Metateoria Jurídica

Resumo

A relação entre Direito e Inteligência Artificial (AI) tem levantado discussões sobre seus limites e possibilidades. A reflexão sobre a possibilidade de um Direito submetido à AI esbarra na forma pela qual entendemos a atuação do Direito e a prestação jurisdicional via agentes. Dessa forma, este texto, a partir de uma abordagem teórica e reflexiva, visa discutir que uma Teoria da Argumentação Jurídica (TAJ) pode elucidar essas questões pelo que segue: I) uma TAJ é uma meta-teoria jurídica, uma vez que se propõe a investigar a questão do que é o direito e como ele se dá a partir de suas bases teóricas; II) as bases da AI dependem da compreensão de como o raciocínio humano se dá, tendo a argumentação um papel crucial em determinados tipos de raciocínios; III) o Direito se enquadra no tipo de raciocínio humano no qual a argumentação fundamenta sua prática e teoria e IV) a forma como se compreende o que significa argumentar e como esta prática se dá no Direito serve de sustentação para a teoria de base da AI, portanto, V) não creio ser possível refletir sobre a relação AI e Direito sem uma meta-teoria jurídica, como uma TAJ.      

Biografia do Autor

Luis Felipe Lopes, Universidade de Brasília

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisador Colaborador Pleno do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade de Brasília. Membro Associado aos grupos: Filosofia da Religião da UnB; Laboratório de Epistemologia da Religião da UnB, Hume da UFMG, DR.IA da UnB e AID-IA.

Referências

ALEXY, Robert. Teoría de lá argumentación jurídica. Tradução de Manuel Atienza. 2ª ed. Madri: Centro de Estudos Políticos y Constitucionales, 2014.
ATIENZA, Manuel. Curso de argumentación jurídica. Madrid: Trotta, 2013.
BENCH-CAPON, T. Argumentation in AI and Law. In.: Artificial Intelligence and Law. n.5, 249–261, 1997.
BENCH-CAPON, T.J.M; DUNNE, P.E. Argumentation in artificial intelligence. In.: Artificial Intelligence.v. 171, n. 10–15, p. 619-641, jul–out., 2007.
BENCH-CAPON, T.; PRAKKEN, H. Introducing the Logic and Law Corner. In.: Journal of Logic and Computation. v. 18, n. 1, p. 1-12, feb. 2008.
BRUNETTE, E. S. B; FLEMMER, R. C.; FLEMMER, C. L. A review of artificial intelligence. In.: 4th International Conference on Autonomous Robots and Agents, Wellington, p. 385-392, 2009.
FETERIS, E. The Rational Reconstruction of Complex Forms of Legal Argumentation: Approaches from Artificial Intelligence and Law and Pragma-Dialetics. In.: Argumentation. v.19, p. 393–400, 2005.
. The analysis and evaluation of legal argumentation: approaches and developments in: I-lex, n. 16, 2012, p. 61-80.
GORDON, T.F. The Pleadings Game: a exercise in computational dialectics. In.: ARTIFICIAL INTELLIGENCE AND LAW. Netherlands. n. 2, p. 239-292, 1994.
. An Abductive Theory of Legal Issues. In.: International Journal Man-Machine Studies. n. 1, v. 35, p. 95-118, 1991.
HAGE, J.C.; LEENES, R.; LODDER, A.R. Hard Cases - a procedural approach. In.: Artificial Intelligence and Law. n. 2, p. 113-167, 1994.
HILDEBRANT, M. Law as computation in the era of artificial legal intelligence Speaking law to the power of statistics. In.: University of Toronto Law Journal. v. 68, n. 1, p. 12-35, 2018.
JENKINS, J. What Can Information Technology Do for Law?. In.: Harvard Journal of Law & Technology. v. 21, n. 2, p. 589-607, 2008.
KAPLAN, J. Artificial Intelligence - what everyone needs to know. Oxford: Oxford University Press, 2016.
LODDER, A.R. DiaLaw - on legal justification and dialogical models of argumentation. Berlim: Springer Science+ Business Media Dordrecht, 1999.
LODDER, A.R.; HERCZOG, A. DiaLaw - a dialogical framework for modeling legal reasoning. In.: Proc. 5th ICAIL. p. 146–155, 1995.
MCCARTY, L.T. Some arguments about legal arguments. In.: Proceedings of the Sixth In-ternational Conference on Artificial Intelligence and Law. New York: ACM Press, p. 215–224, 1997.
MOZETIC, V.A. Os sistemas jurídicos inteligentes e o caminho perigoso até a teoria da argumentação de Robert Alexy. In.: Revista Brasileira de Direito. Passo Fundo. v. 13, n. 3, p. 437-454, dez. 2017.
PERELMAN, Ch. e TYTECA, L. O. Tratado da Argumentação. Tradução de Maria E. G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
PURSLEY, G.B. Metatheory. In.: Loyola University Chicago Law Journal. n.4, v. 47, p. 1333-1376, 2020.
RISSLAND, E.L.; ASHLEY, K.D.; LOUI, R.P. AI and Law: A fruitful synergy. In.: Artificial Intelligence. v. 150, n. 1-2, p. 1-15, nov., 2003a.
RISSLAND, E.L.; ASHLEY, K.D. Law, learning and representation. In.: Artificial Intelligence. v. 150, n. 1-2, p. 17-58, nov., 2003b.
SOURDIN, T. Judge vs Robot? Artificial Intelligence and Judicial Decision-Making. In.: UNSW Law Journal. v. 41, n. 4, p. 1114-1133, 2018.
TOLEDO, C. Teoria da Argumentação Jurídica. In.: Veredas do Direito. Belo Horizonte, Brasil. v. 2, n. 3, p. 47-65, jan.-jun. 2005.

Publicado

2021-10-10

Como Citar

Lopes, L. F. (2021). O Papel da Argumentação Jurídica para Compreender a Relação Entre IA e Direito. Revista Brasileira De Inteligência Artificial E Direito - RBIAD, 1(3), 1–19. Recuperado de https://rbiad.com.br/index.php/rbiad/article/view/16